A região de Chianti fica em uma área montanhosa entre as cidades de Siena e Florença, na Toscana, e é famosa pela produção dos vinhos Chianti Clássico e dos Supertoscanos. Chianti possui 8 sub-regiões e uma das estradas mais bonitas da Itália: a Chiantigiana. Não é à toa que virou um dos principais pontos turísticos do país e é um paraíso especialmente para os amantes da gastronomia e dos bons vinhos. Neste post nós contamos a história da produção vinícola do Chianti e damos dicas dos principais passeios para se fazer na região e sobre a rota do vinho Chianti.

A lenda do Galo Nero – o símbolo do Chianti Clássico
Você já reparou que toda garrafa de vinho Chianti Clássico possui um galo negro no rótulo? Existe uma história curiosa por trás deste símbolo. Diz a lenda que durante o período medieval, Florença e Siena entraram em conflito territorial por causa de Chianti, região que ficava entre as duas cidades. Para acabar com a disputa e definir a fronteira, eles decidiram fazer uma batalha pacífica. No primeiro cantar do galo, cada cavaleiro sairia de sua cidade e a fronteira ficaria definida quando ambos se cruzassem. Ou seja, o cavaleiro que corresse mais, garantiria um território maior.
Siena escolheu um galo branco e Florença um galo negro. A fim de tentar fazer com que seu galo acordasse cedo, Florença o deixou com o estômago vazio. Assim, o galo negro cantou bem antes e deu ao cavaleiro de Florença a oportunidade de sair mais cedo e percorrer um território maior. Os dois cavaleiros se encontraram a apenas 12 km dos muros de Siena, no município de Castellina e Florença garantiu uma grande parte de Chianti para o seu território.

Como são feitos os vinhos de Chianti – Rota do vinho Chianti
Você talvez se lembre das famosas garrafas redondas cobertas de palha (veja na foto), onde costumavam vir praticamente todos os vinhos Chianti. Na década de 70, inclusive, eram elas as responsáveis pela venda da bebida mundo afora, já que a fama do Chianti era bem maior por conta da garrafa do que por conta do vinho, considerado de má qualidade.

Mas isso foi mudando ao longo do tempo. Antigamente, o Chianti era feito com as uvas tintas sangiovese e canaiolo e com as brancas malvasia e trebbiano (que já chegaram a constituir mais de 30% de alguns Chianti). A adição das uvas brancas, que supostamente tinha o objetivo de dar mais leveza a bebida, acabou transformando o Chianti num vinho desequilibrado e ruim.
Isso começou a mudar quando alguns produtores resolveram quebrar as regras do Chianti e produziram vinhos mais artesanais, com uvas tintas internacionais (da região de Bordeaux), sem a adição de uvas brancas e com amadurecimento em barris de carvalho francês. O primeiro vinho lançado nestes moldes foi o Sassicaia, produzido pelo marquês Mario Incisa della Rocchetta. Outro famoso Supertoscano lançado em 1971 foi o Tignanello, feito por Piero Antinori. Como não seguiam as regras da DOC (Denominação de Origem Controlada) Chianti, eles eram considerados apenas vinhos de mesa, a categoria mais baixa da Itália. Mas, pela qualidade, ganharam da imprensa o apelido de Supertoscanos.

Depois, em 1984, as leis para a fabricação dos vinhos Chianti foram alteradas e nasceu a Denominação de Origem Controlada e Garantida (DOCG), a mais alta classificação para vinhos italianos. Pelas novas regras, as uvas brancas não são mais obrigatórias na fórmula e cabernet sauvignon, merlot e outras uvas tintas selecionadas podem constituir até 15% do corte. Muitos produtores também deixaram de acrescentar a uva tinta canaiolo.
Vinho Chianti x Chianti Clássico
E qual a diferença entre o vinho Chianti e o Chianti Clássico? Bem, o Chianti é produzido em 7 subzonas que ocupam metade da Toscana. Já para ser considerado um Chianti Clássico o vinho precisa ter sido produzido na região de mesmo nome, como mostra o mapa abaixo.

Por lei, o Chianti Clássico deve ser composto de 80% a 100% de Sangiovese. Os 20% restantes devem ser de uvas tintas adequadas para cultivo na Toscana, previstas em regulamento. O Chianti Clássico Riserva, produzido apenas nas melhores safras, são amadurecidos por pelo menos dois anos em madeira e envelhecidos três meses em garrafa.

Transporte – como se locomover? – Rota do vinho Chianti
A melhor forma de se locomover por Chianti é, sem dúvida, de carro (com um bom GPS ou aplicativo de geolocalização do celular, claro). Para ir até Greve, que é a principal cidade da região, você pode utilizar a via rápida ou ir curtindo o caminho, utilizando a famosa Chiantigiana, uma das estradas mais bonitas da Itália, que passa por vinhedos e bosques que ligam Florença a Siena.
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Transporte público
Apesar de a Toscana ter uma boa malha ferroviária, os trens não passam pelas principais atrações de Chianti. Existem duas estações de trem na região: uma em Poggibonsi e outra em Castellina e de lá você pode pegar um ônibus para as principais vilas. Aliás, uma outra opção é utilizar apenas ônibus para se locomover pela região, mas não recomendamos. Os horários são bastante escassos, especialmente em finais de semana e feriados, e você também precisará fazer alguns trechos a pé, a não ser que alugue uma bicicleta ou scooter em Greve.
Tour saindo de Florença e Siena
Uma última opção é contratar um tour guiado para as vinícolas da região de Chianti. Há algumas opções saindo de Florença e Siena. Veja nossas sugestões abaixo.
Onde se hospedar em Chianti – Rota do vinho Chianti

Villa Bordoni
O Villa Bordoni fica em uma área rural a 10 minutos de carro do centro de Greve. Construído em uma casa de campo do século 17, tem uma decoração com mobília antiga e suítes de tamanhos variados. O hotel possui uma piscina na área externa e um restaurante com vista para a bela região de Chianti. Mais informações no site do hotel villabordoni.com.
Villa Vignamaggio – Il Casolese
O Villa Vignamaggio fica a cerca de 8 minutos de carro do centro de Greve. É um local cuja fama ficou associada à famosa Mona Lisa, do quadro de Leonardo Da Vinci. Lisa Gherardini (que teria sido a musa inspiradora do artista) nasceu na Via Maggio, em Florença, e, ao que tudo indica, houve uma confusão por conta da similaridade do som de Via Maggio com Vignamaggio. Porém, a história ganhou tanta repercussão que a própria vinícola resolveu fazer um vinho em homenagem à Mona Lisa. O hotel tem uma piscina de borda infinita e todos os quartos possuem uma sala de estar. Mais informações em Vignamaggio.com.

Castello di Ama
O Castelo di Ama faz um dos vinhos mais famosos de Chianti Clássico. Localizado em Gaiole, o castelo do século 12 oferece algumas – poucas e exclusivas – opções de hospedagem. A mobília antiga te convida a uma viagem no tempo e a vista da janela é deslumbrante. Os hóspedes ganham uma visita pela vinícola e pela coleção de arte contemporânea.
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10 passeios para fazer na região de Chianti – Rota do vinho Chianti
Visitar vinícolas, conhecer vilas medievais, passear por castelos, apreciar arte contemporânea, além de comer e beber muito bem, claro. Existem várias opções de passeios por Chianti e na lista abaixo colocamos algumas sugestões para que você escolha aqueles que mais têm a ver com o seu estilo de viagem.
1 – Degustação na vinícola Antinori

Você pode conhecer a tradição da família Antinori – são mais de 600 anos de história – visitando a moderna vinícola que fica no coração de Chianti. A família Antinori produz dois dos mais importantes vinhos da Itália: o Tignanello e o Solaia.
A nova vinícola, que foi projetada pelo arquiteto Marco Casamonti, tem uma loja de livros, uma coleção de arte, um bar de vinhos e um restaurante com vista para as parreiras. Existem diferentes tipos de degustações e os ingressos podem ser comprados com antecedência, no site da Antinori. Mais informações AQUI.
Onde: Via Cassia per Siena – San Casciano Val di Pesa
2 – Visitar o centrinho de Greve

Greve fica no coração de Chianti e é a principal cidade da estrada Chiantigiana, que liga Florença a Siena. Conheça a praça central “Piazza Matteotti”. Com formato triangular, ela possui algumas lojas de vinhos e é onde fica a Macelleria Falorni, o açougue mais antigo da região que oferece também algumas refeições simples.
Onde: Piazza Matteotti – Greve
3 – Provar os melhores vinhos de Chianti sem gastar muito

A Enoteca Falorni é a maior loja de vinhos de Chianti e nela você poderá experimentar os principais vinhos da Itália. As garrafas são organizadas por região vinícola e ficam abertas dentro de máquinas que preservam suas características. Para fazer sua degustação você ganha uma taça e um cartão. Então, é só passar o cartão na máquina onde está o vinho que você deseja experimentar e escolher a quantidade que pretende beber. O pagamento é feito no final. A loja é super bem decorada, aconchegante e também oferece algumas opções de comidas.
Onde: Piazza delle Cantine – Greve
4 – Visitar a bela vila de Montefioralle

A pequena vila de Montefioralle é bem preservada e nos remete ao período medieval. Antigamente, a região era utilizada como residência dos nobres, mas hoje é voltada apenas para o turismo . Ela fica perto de Greve e é bem pequenina, então dá para conhecer ambas no mesmo dia. Se prepare para ver cenários incríveis e fazer fotos lindas. Também há boas opções para almoçar com uma bela vista para a região de Chianti.
Onde: Montefioralle
5 – Jantar em um restaurante do Dario Cecchini – Rota do vinho Chianti

Dario Cecchini é um dos açougueiros mais famosos da Itália e ficou ainda mais conhecido depois de ter sido um dos personagens escolhidos pela Netflix para estrelar o documentário Chef´s Table. Além do açougue, Cecchini possui três restaurantes onde a carne é protagonista. O Officina della Bistecca, localizado em Panzano, oferece um menu fixo que tem a Bistecca Fiorentina como prato principal. O ambiente é simples e com mesas grandes que são compartilhadas pelos clientes, para dar a ideia de um jantar em família. Se você não come carne, também há a opção de um menu vegetariano. É necessário fazer reserva. Mais informações > AQUI.
Onde: Via XX Luglio – Panzano
6 – Conhecer o Museu de Arqueologia de Chianti

O Museu de Arqueologia de Chianti é dedicado à história etrusca da região, um período de cerca de 10 séculos antes da nossa era. O ingresso do museu inclui a visita à fortaleza, historicamente importante na defesa de Siena. A vista da torre para a região de Chianti é bem bonita. Mais informações AQUI.
Onde: Piazza del Comune – Castellina
7 – Tour de vinho e arte contemporânea no Castello di Ama – Rota do vinho Chianti

Se você gosta de arte contemporânea, vale a pena separar um tempinho para conhecer o Castello di Ama, em Gaiole. Na visita guiada pela vinícola você irá se deparar com várias obras de arte que foram produzidas por artistas de diversas nacionalidades especificamente para a vila centenária. Depois do passeio, o visitante é convidado para fazer a degustação de alguns rótulos.
Onde: Località Ama – Gaiole
8 – Passear pelo parque de esculturas de Chianti

O parque de esculturas de Chianti é uma exposição permanente de instalações e esculturas contemporâneas que foram criadas especificamente para este local. O objetivo é integrar natureza e arte e, para isso, cada artista visitou a floresta do parque antes de projetar sua obra. São 26 obras distribuídas em um percurso de cerca de 1km. Durante os meses de julho e agosto há concertos de jazz, ópera e outros gêneros musicais. Para mais informações, visite o site oficial AQUI.
Onde: Loc. La Fornace – Pievasciata
9 – Conhecer a vinícola mais antiga da Itália – Rota do vinho Chianti

A vinícola Ricasoli é uma das mais antigas de Chianti e produz alguns dos vinhos mais famosos da região. A família, que desde o século 16 produzia e exportava vinhos para Amsterdam e a Inglaterra, é proprietária do Castello di Brolio, que já passou por várias modificações e atualmente leva marcas de diferentes períodos históricos: medieval, romanesco e neogótico, com alguns detalhes do século 19. A vinícola oferece diferentes tours pela propriedade com direito a degustação de alguns rótulos. Para ver mais informações, visite o site oficial da Ricasoli.
Onde: Madonna a Brolio – Gaiole
10 – Jantar em restaurante com estrela Michelin

O restaurante Il Pievano funciona no elegante Castello di Spaltenna, em Gaiole. A cozinha, comandada pelo chef Stylianos Sakalis, faz uma releitura contemporânea da tradicional culinária toscana. Durante o verão, os clientes podem comer na varanda do castelo. Mais informações Ristorante il Pievano.
Onde: Via Spaltenna 13, Gaiole
Bom, essas foram as nossas dicas. Se você tiver alguma dúvida ou sugestão escreva nos comentários, nos mande um e-mail ou nos sigam no Instagram @casalgiramundo